segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Capitulo III – A morte é só um novo começo.

Capitulo III – A morte é só um novo começo.

O poeta não lembrava muito bem da noite anterior, sua única lembrança era a de estar escrevendo,quando sentiu uma forte dor no peito e tudo sumiu, e agora estava acordando num belo jardim. Massageou os olhos, levantou-se e começou a caminhar a fim de reconhecer o local; mas algo naquele jardim era sobrenatural, era tão belo e vívido como nenhum outro. Continuou sua caminhada e se deparou com um palácio muito grande e de ouro, tudo nele resplandecia, e na porta de entrada pedras preciosas se fundiam com o ouro. Os olhos do poeta estavam maravilhados então educado como sempre quis bater a porta antes de entrar, mas essa se abriu convidando- o a entrar. Caminhou sem direção, sem saber onde ia, quando uma mão tocou seu ombro com firmeza e ao mesmo tempo gentil
- Vejo que encontrou o caminho. – a voz era forte mais ao mesmo tempo saia da boca daquele homem como um veludo.
- Onde estou afinal? – disse afastando-se do homem desconhecido
- Sou Miguel, e não me surpreende que não saibas onde estas isso porque nunca esteve aqui antes.
- Miguel... Em que reino estou? És guerreiro de que rei? – Miguel se vestia como um soldado, mais sua armadura era toda prateada e resplandecia.
- Estás no paraíso – e riu com charme – Sou guerreiro do Rei dos reis.
- Paraíso? Rei dos reis? Se estou sonhando talvez eu precise cair para acordar.
- E quando acordares, onde estarás?
- Como onde? – foi então que o poeta se deu conta que não se lembrava de onde vinha e de nada na sua vida.
- Vejo que caiu na real. Siga-me e vou lhe explicar um pouco sobre sua nova vida.
Miguel começou a caminhar rapidamente sendo seguido pelo poeta que nada entendia. Adentraram por uma porta que saiu novamente no jardim, Miguel caminhou por detrás de um pequeno rochedo e quando o poeta se deu conta estava a beira de um penhasco.
- Errou o caminho Miguel, ou vai me jogar do penhasco.
- Você é bem engraçado, mas não vou te jogar, você vai por vontade própria.
- Espere sentado amigo, tenho que ir – começou a andar apressadamente achando toda aquela situação estranha e irreal. E mais estranho ainda era a forma como se sentia mais vivo do que nunca, se sentia realmente forte. E o único problema de ir embora era não saber onde estava e muito menos aonde ir.

Miguel já estava impaciente, aquela não era a tarefa de um guerreiro, mais se o Rei mandou, talvez fosse melhor seguir o rapaz. Rapidamente percorreu o jardim e encontrou o poeta sentado embaixo de uma árvore.
- Quer conversar? Saber da verdade?
- Isso não é óbvio? Quero voltar para casa.
- Essa é sua casa. Veja, me mandaram até você, porque você é um caso especial diferente de outros. Desculpe minha impaciência, faz tanto tempo que estou aqui que às vezes me esqueço que já fui humano como você.
- Humano como eu? Isso está ainda mais estranho, mais não tenho aonde ir, então me conte o que quer que seja.
- Você está no céu, e eu sou Miguel, o anjo Miguel.
- Tomaste muito vinho. – e riu como há muito tempo não fazia.
- Morreste e ao céu foste mandado porque alma boa tens; mesmo assim não é comum como as outras pessoas que morrem e apenas vão ao céu. Estás mais alto que os outros estás junto a Deus. És agora um anjo.
- Anjo? É... Não sei se devo acreditar.
- Geralmente isso de um homem comum virar anjo só acontece de século em século, mais como havia lhe dito antes, tu és diferente.
- Mais como eu morri?
- Morreste de amor. Ou foi de dor? Ou dor de amor? Bom foi mais ou menos assim. Nunca aconteceu antes.
- Quem é Deus?
- Isso também não me surpreende a fé em Deus ainda é fraca de onde você veio. Mais saberá de tudo no tempo certo. – Agora vamos, temos que chegar aos outros, estamos atrasados, quer dizer, você está, é a sua nomeação hoje.
- Minha nomeação? – E seguiu Miguel que já se apressava.
- Darão a ti um novo nome.
- E qual era teu nome antes?
- Não lembro. Depois que fores nomeado de tudo esquecerá, só lembrará que um dia foi humano e nada mais, nenhuma lembrança. Agora quero que abra seus braços para que tuas asas apareçam. Dessa forma. – e de repente as asas de Miguel surgiram e fascinaram o poeta, eram asas grandes de 2m cada, e de plumagem sem igual e brilhante, era como um azul celeste. – Faça igual.
O poeta se concentrou e abriu os braços, e magicamente um belo par de asas angelicais surgiram nas costas do poeta.
- Vamos – disse Miguel – Voar é muito simples e quando expuser suas asas voar será quase automático. Veja. – E num simples impulso os pés de Miguel não tocavam mais o chão. – Faça igual.
- Assim? – e deu um impulso para cima – logo o poeta estava nos ares e voava razoavelmente, já que a sensação não era costumeira.
Sobrevoaram o penhasco e quando estavam quase chegando ao outro lado o poeta pode ver outros anjo e querubins, uns sentados na grama outros a voar nas redondezas; de fato estavam num lindo jardim, mais bonito ainda que o anterior, e aquela macieira no centro do jardim dava um toque fenomenal ao lugar; naquela mesma macieira se encontravam mais dois anjos do porte de Miguel, altos e com vestimentas de guerra. Pousaram e Miguel seguiu exatamente na direção da macieira, e enquanto caminhavam todos os anjos e querubins olhavam o poeta com curiosidade. Quando estavam quase alcançando a macieira Miguel disse:
- Bem vindo ao Éden! Aqueles ali são Gabriel e Raphael. – aproximaram-se e Miguel deu um beijo no rosto dos dois anjos ali parados. – Irmãos esse é o anjo de quem o Pai falou.

- Olá! – disse o anjo de cabelos castanho claro e liso, seus cabelos chegavam quase ao ombro. – Sou Raphael.
- Olá, eu sou um anjo sem nome – falou o poeta com humor. – E você deve ser Gabriel, é um prazer. – estendendo a mão a Gabriel que o cumprimentou com frieza.
- Olá. Agora será que podemos ir? Afinal o pai é paciente, mas não temos todo o tempo do mundo.
Então voaram todos os quatro pelo jardim, que tinha muita diversidade, até animais existiam ali. O poeta sorriu, sentindo- se feliz por estar ali, vivendo em um novo mundo. Miguel se aproximou dele e disse num sussurro: - Gabriel é o mais sério de nós. Não se preocupe por que ele quase não fica conosco.
- Eu pensei que ele já não gostasse de mim. Mas confio nas suas palavras.
Então continuaram a voar até finalmente chegarem a um palácio ainda maior e mais resplandecente que o anterior.
- É realmente surpreendente. Magnífico. – era realmente mais do que as palavras poderiam dizer.

Entraram numa sala grande com poltronas, todos se sentaram e o poeta os imitou, não demorou muito para outros anjos entrarem na sala e se sentarem juntos aos outros. Todos conversavam e falavam sobre diversos assuntos, sobre batalhas ou missões; quando de repente um outro anjo entrou e todos fizeram silêncio.
- Este é Ariel! – disse Miguel ao poeta, de modo que só ele pôde ouvir. – Ele traz a mensagem de Deus a todos nós.
- Então Deus não vem aqui? Você já viu Deus Miguel?
- É claro que sim ele é meu Pai, mas Deus só vem quando a situação é grave; mas no seu caso Ariel resolve tudo. – disse Miguel sem olhar para o poeta. – Agora preste atenção.

- Olá irmãos! Estou aqui a mando do Criador, para resolver esse mal entendido. Levante-se e venha até mim. – disse Ariel para o poeta que rapidamente se levantou e colocou-se ao lado de Ariel. – Irmãos, este anjo antes fora um homem que morreu de amor, sua alma não foi a lúcifer por que ele não se suicidou e levava uma vida sadia. Sua alma não pode se juntar aos outros mortais, por ser especial. E por motivos não revelados a nós o Pai transformou este homem em um anjo como nós. – virou-se olhou nos olhos do poeta e disse – Este que está entre nós agora será nomeado Castiel. – e deu colocou na cabeça do poeta uma coroa de lírios. – Agora em que setor angelical Castiel ficará?
E todos começaram a falar ao mesmo tempo sobre onde Castiel ficaria. Mas a única coisa que o poeta pensava era em seu belo nome que de alguma forma se parecia com ele. Acordou de seu devaneio quando Miguel tocou seu ombro: - Castiel meu irmão, onde ficarás? Tem o setor de guerra onde eu sou o capitão, existe o setor dos cupidos onde Samuel é o comandante, o setor dos anjos missionários onde Raphael é o Capitão, tem o setor da orquestra do Criador, onde os querubins tocam as trombetas, e ainda há o setor dos governantes, onde quem manda é Gabriel, este não poderás escolher, pois para estar dentre os governantes muito tens que aprender. – Miguel o olhou interrogativo.
- Gostaria de ficar contigo no setor de guerra.
Os outros ouviram a decisão de Castiel sem protestar, aplaudiram e então sentaram- se novamente em suas poltronas. No entanto quando Castiel ia sentar-se Ariel o repreendeu: - Castiel venha a mim! Agora tudo que já passou em sua vida terrena será apagado de sua memória, para não causar confusão em tua mente.
Castiel caminhou até Ariel que o fez sentar numa cadeira. Pegou um cálice e derramou o líquido transparente sobre a cabeça de Castiel que sentiu como se o líquido estive penetrando pelo seu coro cabeludo e entrando em sua massa cinzenta. Sua cabeça queimava, e Castiel se contorcia de agonia. Passado alguns minutos tudo estava normal, e sua mente parecia leve como seu corpo.
- Miguel! – disse Ariel – Leve Castiel para seu primeiro cálice sagrado no setor de guerra.
No setor de guerras Castiel celebrou e conheceu os outros anjos guerreiros, alguns gostaram dele, outros achavam que já que morreu de amor deveria ser cupido, usando aquela fraudinha ridícula. Castiel foi se deitar depois de celebrar ], a fim de descansar sua mente; assim que pegou no sono a única imagem em sua mente era de uma luz com silhueta de mulher, mais estava tudo tão turvo, isso o incomodava e Castiel dormia perturbado. Levantou-se e caminhou pelo jardim tentando aquietar sua alma angelical; passou um bom tempo pensando e não conseguia ver sentido em nada; e a vida que levaria agora era tudo que importava, era um anjo de Deus.
No dia seguinte tomou aulas de guerra com Miguel, que também lhe explicou algo que o fez pensar horas mais tarde. Miguel havia lhe explicado que Deus não era a única divindade, que haviam também deuses sobre a Terra, deuses que se alimentavam da fé das pessoas, e só por isso viviam. Explicou que haviam vários deuses e que cada um tinha um poder, um controlava o submundo, outro o mar, e outro o céu, esses eram os principais Hades, Poseidon e Zeus. Mas que Deus já havia dominado muitos lugares na Terra com o cristianismo, mais alguns povos ainda tinham deuses controlando suas vidas; e Deus queria dar aos homens uma vida sem castigo, e sem sacrifícios.
Castiel teria aulas teóricas um dia por semana, e nos demais dias ficaria na posição que Miguel lhe dera no setor, guarda noturno. Impediria que qualquer que não devesse entrasse pelo portal de entrada do paraíso. Castiel estava sossegado, no entanto a mesma imagem sempre lhe tirava o sono. Também sentia vontade de escrever as vezes, então outro dia na aula com os outros anjos, enquanto Miguel explicava ele escreveu uma frase curiosa: “ Nada no mundo tem fim, até mesmo a Terra é redonda e não tem fim algum, todo fim é um novo começo que logo será o fim. Nem a morte é o fim da via, um tanto contraditório.”

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